A Boeing lança sua mais nova empreitada comercial dos últimos 13 anos em conceitos e desenvolvimento de aeronaves: é o novo Boeing 7E7 ( Seven Echo Seven ) Dreamliner, que teve seu nome escolhido por internautas de todo o mundo.
Mas não podemos esquecer dos últimos fracassos da Boeing nos últimos anos. Se não fosse pelo excelente motor da General Eletric, CFM-56, a produção do Boeing 737 teria sido concluída há muitos anos atrás. Se nos dias de hoje, o capital da Boeing foi feito encima do Boeing 747, o Boeing 737 é o seu cálice dourado. Essa é a fama da Boeing, a de construir aeronaves excelentes, mas para isso, é necessário um longo caminho de pesquisas e tropeços.
A Boeing planejou construir o 707 com cinco poltronas centrais, como no Convair 880 e 990. As empresas aéreas compradoras disseram não, obrigado. Eles quiseram colocar duas fuselagens do 707 juntas para construir o 747. Não, obrigado. A McDonnell Douglas construiu o MD-80 com um cone de cauda achatado; a Boeing disse que essa medida não iria auxiliar em nada. Mas quando a Boeing viu os números de performance e economia, achatou os cones da cauda do 777.
Quando a Airbus instalou winglets no A320, a Boeing disse que não se precisaria de winglets nesse tipo de aeronave de pequeno porte. Hoje em dia as winglets são vistas nos 737, e a Boeing é parte de uma indústria cooperativa de construção de winglets . A Boeing comentava que um nariz pontudo não era bem visto em aeronaves de velocidades superiores a MACH 0.82, hoje em dia nós vemos o 7E7.
Aumentar a fuselagem do 747 com 35 anos de projeto. Não obrigado. E o que você me diz do Sonic Cruiser que pode ir de ponto a ponto mais rápido, porém tendo um custo operacional médio? Não obrigado; os passageiros querem mesmo é assentos baratos.
Mesmo com a ênfase na procura de novos materiais, designs e relações com os mais diversos fabricantes de sistemas integrados, na proposta de desenvolvimento do Boeing 7E7 Dreamliner a Boeing procura manter seus padrões na construção de aeronaves da família de longo alcance bimotora.
A primeira aeronave a entrar em serviço em 2008 terá um alcance nominal de 6.600 NM e uma capacidade para 200 passageiros. Depois de dois anos, uma versão alongada da aeronave entrará no mercado, com um alcance nominal de 8.000 NM, e uma capacidade para 250 passageiros. Um motivo para a versão alongada ter mais passageiros é que um vôo de longo alcance com menos de 200 passageiros não traria lucros significativos para a operadora, ou seja, não seria viável.
Os requisitos dos motores estão levando em conta a versão alongada do 7E7, ou seja, a versão básica terá os mesmos motores da versão alongada. A GE está muito na frente na briga entre os construtores de motores. Gozando das inovações de tecnologia apresentadas em seus motores GE-90 e GE-115 (que equipam os Boeing 777-200-300 e 777-200LR, 777-300ER respectivamente), a empresa é dada como certa para a contratada no suplemento de motores para o Dreamliner. Tudo isso graças à inovação econômica de construção de estatores com incidência variável, que garantem maior confiabilidade aos motores na medida que diminuem a probabilidade de Stall de compressor, além de menor consumo para uma mesma quantidade de empuxo fornecido para quaisquer momentos do vôo em relação as concorrentes Rolls-Royce Trent 895 e Pratt & Whitney 4090.
O Boeing 7E7 Dreamliner vai ser a mais nova aeronave comercial desde o 777, que teve seu projeto iniciado em 1990, e entrou em serviço cinco anos depois. Os diretores do projeto definem o 7E7 como a melhor opção para a demanda do mercado.
A aeronave inicial terá um MTOW (Maximum Take-Off Weight) de aproximadamente 400.000 – 410.000 lbs (quase a mesma de um Boeing 767-300ER) com fuselagem de aproximadamente 182 pés (55,3 m) e envergadura de 186 pés (56,5 m). A aeronave terá um corredor duplo e sua fuselagem terá 14 polegadas a mais de largura do que a do atual Boeing 777. A versão alongada terá a mesma wingspan, porém terá mais 20 ft aumentados no comprimento da fuselagem. Terá capacidade para 250 passageiros, com um alcance de 8.000 NM, e um peso máximo de decolagem de aproximadamente 480.000 – 500.000 lbs.
Mesmo considerando a aeronave básica, de alcance nominal de 6.600 NM, o chefe do projeto Mark Bair afirma que essa distância (Comparada a New York – Hong Kong) pode apenas ser alcançada com Boeings 747-400 com muito combustível.
Sem dúvida nenhuma a maneira pela qual a Boeing aumentará significativamente o alcance de um avião relativamente pequeno comparado ao 747-400 continua sendo uma incógnita. A velocidade de cruseiro da aeronave será de MACH 0.85, e a máxima será de aproximadamente MACH 0.95.
Mesmo não expeculando sobre a forma geral e final do Dreamliner, Mark Bair afirma que o 7E7 será um ícone na aviação mundial, assim como o 747 foi nas últimas décadas. As fotos mostram uma aeronave com asas enflechadas, estabilizador vertical enflechado, blended winglets e um nariz muito pontudo, fazendo com que o avião se pareça mais com um jato executivo do que com um jato comercial para passageiros.
O primeiro turno de testes em túneis de vento foi concluído em Junho de 2003, principalmente para testar o design das asas em altas velocidades. Quatro novos conceitos foram testados, e os dados ainda estão sendo analisados.
Os testes nos túneis de vento são uma ferramenta primária na confirmação de simulações de comportamentos de fluídos em softwares de controle aerodinâmico, pois são cruciais para definir a eficiência da aeronave em uma escala não muito pequena. Os testes em túneis de vento estão programados até a metade de 2006.
O 7E7 terá um consumo de combustível 20% menor do que qualquer outra aeronave de sua categoria. Os diretores da Airbus não estão economizando esforços para gorar o mais novo projeto da Boeing, com argumentos severos colocando o Airbus A330-300 na frente da nova aeronave em quase todos os aspectos.
Mesmo sendo desmotivada por comentários agressivos por parte de algumas companhia européias e pela fabricante arquirival Airbus, a Boeing confia na sua competência na construção de aeronaves de grande porte. A primeira aeronave a agregar conceitos de alta tecnologia integrados foi o Boeing 777, no começo da década de 90, e o lucro que a Boeing vem obtendo com a aeronave está sendo acima do esperado. Isso prova que o mundo e o mercado estão preparados para viajens mais seguras, aeronaves mais inteligentes e sistemas de controles baseados em vários fabricantes.
Hoje em dia a Boeing utiliza-se de vários parceiros na jornada tecnológica a fim de apresentar o que de mais moderno se encontra no mercado. A tão criticada inserção de estações para acesso à Internet em aeronaves Boeing 747-400 da Lufthansa no começo do ano está sendo uma ducha de água fria nos pessimistas. Muito criticada pelo investimento em espaço e dinheiro, o centro integrado de acesso a Internet a bordo tem sido um sucesso, e a Boeing tem sido recompensada por isso, fechando contratos de fornecimentos do sistema com a ANA, JAL, Singapore Airlines e contratos de extensão com a Virgin Atlantic, Air France e Lufthansa.
O 7E7 é um novo conceito. Como quase tudo, o que é diferente assusta e intriga, porém só conseguimos escalar novas montanhas usando cordas mais fortes e confiáveis. Só conseguimos voar mais alto com aeronaves mais leves e com motores mais potentes, inovadores, diferentes. O mundo aeronáutico está ansioso para receber, de braços abertos, o Dreamliner. Tomara que as operadoras também.
Fonte: http://www.asasbrasil.com.br/Reportagens/boeing7e7/index.php